segunda-feira, 24 de março de 2008

Ressurreição


Quis o mundo que eu vivesse em pecado
(Porque o pecado é do mundo e ele o provoca)
E que de mim ele brotasse fosse pela boca,
Pelas mãos, pela mente ou o que fosse errado

Quis de mim, ainda, esse mundo que evoca
De todos o mal que eu seguisse ao lado
Deste mal dizendo que se por ele acompanhado
Eu fosse teria prazer o bastante em troca.

Tive-o, mas daquele prazer que se evapora
Assim que ele vem como se eu nunca o tivesse,
Pois nunca se tem o que logo vai embora.

E de tão breve prazer morri. A salvação,
Se ser salvo e remido for o que merece
Quem pecou, virá na minha ressurreição.

Francisco Libânio
24/03/08
10:30 AM

Zen


Interiorizar-se, procurar-se e a uma essência
Que explique o que somos e qual o caminho
Seguir para a paz. Tomar os outros sendo referência,
Tratando como a nós mesmos o vizinho,

O afortunado e o desventurado. À experiência
Própria e íntima agregar o ilibado vinho
Dos saberes de outrem maduro e com a inocência
Dos ramos vindouros dividir nosso pouquinho

De conhecimento, mas a eles muito e imprescindível
Para a caminhada que começa na qual adiantados
Estamos, mas que nos acharemos no final.

Ser zen é praticar este simples, mas incrível
Aconselhamento que faz uns aos outros irmanados
Limpando a mente humana de todo mal.

Francisco Libânio
24/03/08
11:02 AM

quarta-feira, 12 de março de 2008

Sonetos em Oração 01 - Pelo Futuro


Por que temo, Senhor, tanto o futuro
Se ele é teu e só a ti ele pertence
E mesmo sendo ele um antro escuro
Para mim se Contigo o coração o vence?

Por que ele é esse monstro tão irascível
Que os zodíacos pintam como manso
(Os zodíacos e outras adivinhas do nível)
E dizes que está nele o meu descanso?

Eu temo o futuro por estar no presente
Indefeso e por ter sido outrora derrotado
Em lutas com o futuro no passado,

Outras venci, mas por mais que o enfrente
Eu o temerei, por isso peço-Te em oração
Apoio e força para vencer esta Tua criação.

Francisco Libânio
11/03/08
11:42 PM

A pródiga


E agora retornas, mas por que agora
Que meu coração é frio e deserto
E tens parte nisso com teu enxerto
De metal nesta alma que chora

Por que vens? Não ris de mim, é certo,
Mas teu silêncio em minha dor se escora
E tua simpatia com ela tanto colabora
Que, por pior que sejas, te quero perto.

Por que és comigo? Qual tua serventia
Para meu peito do bem maior assaltado
Ainda que tentes trazer a ele a alegria?

Mas se estás comigo em algo hás de ajudar.
Foste a doença que matou o que era amado
Por mim. Agora deves ser o que vai me curar.

Francisco Libânio
05/03/08
7:51 PM