segunda-feira, 29 de abril de 2013

Passar um dia ou dois contigo

Queria isso sempre...

Passar um ou dois dias contigo
E não passo ainda que prometa,
Ainda que sonhe e, como poeta,
Escreva e declare querer antigo.

Ter tua presença rápida comigo
Fazer uma breve hora a repleta
Existência e te olhar assim direta
E ternamente, achar meu abrigo

Em teu peito e a fonte incessante
Da tua boca me seria o bastante,
Mas não seria a missão cumprida.

Porque um ou dois, poucos dias
Me dariam, sim, muitas alegrias,
Mas felicidade só te tendo à vida.

Francisco Libânio,
29/04/13, 9:33 PM

domingo, 28 de abril de 2013

1000 - Soneto milésimo

Mil mas do meu jeito, entendeu, peixe?

Pelé fez o seu no Maracanã,
O do Romário foi mandraque,
Mas ambos deram à claque
Alegria e cumpriram seu afã:

Quatro dígitos na arte bretã
Da bola. Mestres do ataque,
Fizeram história e destaque
Cada um, carreira campeã.

Pelé não sou, ao contrário...
Estou mais para o Romário
Que conta todo gol que faz,

Oficial ou não, treino, jogo,
Soneteio e de cara catalogo.
Métrica, rigor, deixo pra trás.

Francisco Libânio,
28/04/13, 5:15 PM

999 - Soneto de noves fora

Arredonda!

O nove nunca serve, seu tanto
Sempre é arredondado pra cima
Já que da dezena se aproxima
E um pouco difere num quanto.

Então, dou ao nove nesse canto
Tributo justo de muita estima
E ainda que tenha pouca rima
Para ele, algumas eu decanto.

Corro atrás de algo para o nove,
A rima que eu soneteie ou trove
E faça os três noves valerem aqui.

Porque na cara de meu milheiro,
Tenho os três iguais por inteiro
E o nove-nove-nove, eu o venci.

Francisco Libânio,
28/04/13, 11:06 AM

sábado, 27 de abril de 2013

998 - Soneto da sensualidade além-peso

Perfeita!

Uma mulher que está acima do peso
Não desperta a libido da sociedade,
Contrário, é piada sem faltar maldade
E faltando prova nesse maldito vezo.

Azar dela. Uma fattie me deixa aceso
Sem qualquer sombra de dificuldade
E não é fetiche ou estranha vontade,
É preferência! É a mulher que prezo,

Porque ela tem um segredo contido
A se espalhar provocando sentido
Por sentido e pondo um sem igual

Desejo de possuir e deixar possuir.
E enquanto a sociedade fica lá a rir,
A gordinha me pira sendo sensual.

Francisco Libânio,
27/04/13, 7:28 PM

997 - Soneto engendrado

Vou mandar se fuder.

Quero por neste soneto a diferença
Que nunca pus num soneto antes.
Como vou escrever se há bastantes
Sonetos em uma lista toda imensa?

Essa é a arte em si. Que se vença
Usando talentos preponderantes
E faça versos, e sejam brilhantes!
E sejam clássicos na nascença!

Não sei se consigo. Sou poeta?
Pode apostar, mas nem se meta
A exigir lirismo. A poesia é mais

Que lirismo piegas. Meto chulice,
Xingo, uso a malícia que me atice
E na poesia não fica nada demais.

Francisco Libânio,
27/04/13, 7:09 PM

996 - Soneto ultra-exigente

Quem é você? Onde trabalha? Quanto ganha? É de direita? 

Você gosta de uma moça maravilha,
Mas seus pais não vão com a cara
Dela. Acham a menina a peça rara,
Estranha, sem classe e sem família.

Você apresenta um rapaz boa bilha,
Não é de família rica, mas escancara
E arrebenta no trabalho. Nunca para,
Mas o pai não o aprova para a filha.

Preocupação de pai e mãe, entendo,
Respeito, mas esse injusto referendo
Encerra todo discurso sobre cabeça

Livre e que não conhece preconceito.
Como se o deles fosse sem defeito
E não parecesse uma suspeita peça.

Francisco Libânio,
27/04/13, 10:34 PM

995 - Soneto do eu-sozinho

Chatos, mas legais

Os Los Hermanos criaram o bloco,
Já eu que, o som deles não curto,
O nome dessa (boa) música furto
E num soneto o meto e o realoco

Porque, acostumado a tomar toco,
A levar nãos a flertar com o surto,
Prefiro me afastar. Assim encurto
A música e, a partir do meu foco

E com o nome alheio, dou parecer
Pessoal. E logo no sábado a tecer
Sobre o tema, imagina o que vem.

Não tem problema. Eu ouço Maysa,
Não vou pegar gripe e nem brisa,
Mas afogo as mágoas e tudo bem.

Francisco Libânio,
27/04/13, 9:34 PM

sexta-feira, 26 de abril de 2013

Caso de adultério

Vixe!

- Mirtes!
- Romualdo?
- Quem é esse homem?
- O que significa isso?
- Oh!
A cena mais rodrigueana possível. Enredo idem. Estavam ali esposa, marido e amante. Cada um errado em sua dose justa de culpa e sem explicações plausíveis. Um segundo homem na cena nunca é algo normal quando se trata de um casal. As bocas abertas, os olhares surpresos... A situação mostrava quão tenso estava aquele quarto. Um movimento em falso seria catastrófico, mas não sanguinário. Para ser menos rodrigueano, nenhum dos cavalheiros portava uma arma, o que não descartava uma possível luta corporal de mãos nuas. Nus como estava o casal na cama e o terceiro, que não se conformava.
- Exijo uma explicação! – dizia um dos homens.
- Explicar o quê? – Mirtes, resignada de culpa e patética diante do fato renunciara a qualquer argumento. A cena falava por si própria. Assumia com o silêncio o papel de mulher de dois homens. Adúltera. Aquela que seria para sempre apontada na rua como a mulher que tinha outro homem além do seu marido. Não havia o que explicar.
- Meu Deus! Como nossos filhos encararão a mãe deles, Mirtes? Me explica isso? – Romualdo pensava menos na mulher adúltera naquela cama. Era um homem de visão mais holística. Aquela cena era apenas um elemento dentro de um todo. Uma mulher na cama com um homem, e outro embasbacado a observá-los, tomada isolada e separadamente era uma mulher como muitas outras dadas a aventuras extraconjugais. Nos dias de hoje, fatores mil explicariam isso. Bem conversado, com ajuda ou não de um profissional, cavoucando aqui e ali a confiança, tudo poderia se resolver e ser superado. Mas Mirtes não era só uma mulher atrás de aventuras. Era uma mãe de família, mãe zelosa e exemplar de dois filhos menores. Os amiguinhos deles de escola admiravam a mãe legal que Mirtes era com os filhos e eles. Por sorte – ou por pensado oportunismo – as crianças estavam fora. Dormiriam na casa de uma tia. Nenhuma chance deles correrem até o quarto como fez o homem a contemplar a mulher nua e o outro. Romualdo também se preocupava com Mirtes frente aos pais dela. A filha caçula depois de dois irmãos sempre foi a joia da casa. Romualdo agradece todo dia ao sogro linha-dura por ter permitido levá-la ao baile em que eles começaram a namorar. E conhecia Mirtes. Ela não sabe mentir. Nunca soube. Na certa deixaria escapar esse episódio num almoço em família. Mirtes nunca foi muito boa em contar, ou não contar, coisas inapropriadas. A tranquilidade familiar daquela casa, que Romualdo admirava, e se sentia muito honrado em tomar parte, estava por um fio.
Nesse episódio todo, esquecemos o terceiro elemento. O inoportuno. O que não devia estar naquele quarto em momento algum na vida. Aquele que encarava assustado Romualdo sem entender o que estava se passando e olhava Mirtes com um misto de decepção e nojo. Mentira pra ele. Nunca disse que era casada, que tinha um marido, que tinha filhos. Não era a primeira vez que se encontravam. Pelo menos duas foram num motel e outras três na casa dela.
- Agora entendo porque você ficava cheia dos dedos escolhendo horários, cronometrando nossos encontros. Era essa a tia velha de quem você cuidava? A que estava dormindo no quarto ao lado e não podia ser acordada? – Mirtes era meticulosa. Equacionava bem as horas em que marido e filhos não estariam em casa pra receber o namorado. Sempre às quintas-feiras, dia em que seu marido, ortopedista renomado, estava ocupado com duas ou três cirurgias seguidas. Nesse mesmo dia, seus filhos tinham, em carreira, aulas de reforço à tarde e inglês. Ela os deixava na escola e de lá iam com outra mãe ao inglês. Da escola, Mirtes pegava seu amante e iam namorar. Quando não o buscava, telefonava contando que a barra estava limpa e que ele podia ir vê-la. Obviamente, nunca houve uma tia velha. Se Mirtes pedia silêncio era para a vizinhança não ouvi-los. Mais tarde confirmou-se que o rapaz nunca tinha sido visto no apartamento do casal. O porteiro o viu uma vez e acreditou quando ele disse que era um parente vindo de Sorocaba da moça do 306. Foi ligar número e pessoa e lembrou que o referido apartamento estava vago. Era distraído demais o porteiro.
Amante e marido se encaravam. Mirtes se sentia a pior mulher do mundo. Mentiu para o marido como mentira para o amante. Os dois homens de sua vida enganados estavam naquele quarto olhando-se sem ódio, sem revolta. Apenas surpresos e desapontados com a mulher que se deitava ora com um ora com outro. Aos olhos do marido, Mirtes era a mulher que traiu a sua confiança e punha a perder onze anos de feliz casamento. Para o amante, Mirtes era mais uma dessas mulheres sedentas por sexo fácil atrás de homens mais novos. Só que ele tinha brio. Não estava com ela apenas pelo belo corpo que os anos não lhe roubaram, mas pela conversa agradável, pelo humor perspicaz da mulher que um dia encontrou nas andanças da vida. Pior que ser um amante ele era um amante apaixonado. Ambos esperavam de Mirtes qualquer reação, um pedido de desculpas, um choro convulsivo, um pulo da janela do quarto. E ela estava tão letárgica quanto eles. Ou até mais. O silêncio foi quebrado pelo marido:
- Sei quando estou sobrando. Vou arrumar minhas malas e vou-me embora dessa casa. Ade...
Foi cortado pelo amante:
- De jeito nenhum! Quem sobra nessa história sou eu! Aliás, eu nunca devia estar aqui. Não se dê ao trabalho de arrumar malas, meu caro. Vou-me embora eu, que estou só com a roupa do corpo. Esta cama em que você está é sua, a esposa também. Adeus, Mirtes! Que você e o Romualdo sejam felizes. Continuem o que eu interrompi.
E de raiva, ele jogou a chave do apartamento, a mesma que ela jurou que ele podia usar e jamais encontraria ninguém por lá além dela o esperando.

Francisco Libânio,
25/04/13, 11:40 PM

994 - Soneto rebooteado

Milionário também dá fora. Leia aqui.

Bill Gates, em imperdoável
Gafe, cumprimentou dando
Uma das mãos e ocultando
Sua outra. Falha irreparável

Na Coréia. Lá é respeitável
Ir ambas mãos mostrando
A quem a dá. Soa nefando
E dá por pouco confiável

Quem a própria mão oculta.
Tal desfeita pouco indulta
E a eo poeta gaiato delicia.

Bill Gates fez operação ilegal,
No que seu Windows é o tal.
Ora, então clica ok e reinicia.

Francisco Libânio,
26/04/13, 9:01 PM

993 - Soneto do amor atrasado

Que coisa, não?

O dia vinte e cinco de abril
É dia do amor. Não sabia!
Eu o deixei passar à revelia
E minha vida em nada ruiu

Nem sofri. O amor sumiu?
Não, ele não vai na mania
Do dia específico doentia.
Se era seu dia, ele não viu,

Soube hoje com surpresa.
O amor ama sem ter presa
A mão atrás de aniversário.

Não amou ontem e se dane!
Amará se puder, não atazane
Com pressão o calendário.

Francisco Libânio,
26/04/13, 4:16 PM

992 - Soneto pedregoso

Né fácil não, jão!

Fato! A realidade não tem doçura,
Cada lance no jogo tem a reação.
Contrária. Igual a ver a situação.
Qual for, ela, pode ser mais dura,

Mais violenta, pode ter sua cura
Em si ou ser letal, ter destruição.
A realidade não permite vacilação
Nem tem paciência com frescura.

Se você ama sem ser amado azar!
Procure uma doida que saiba amar
E nunca prometa algo impossível.

A realidade fia assim. O que é, é!
O que não é, nem tenta. Não dá pé!
E se forçar, ela ainda baixa o nível.

Francisco Libânio,
26/04/13, 12:29 PM

991 - soneto simplinho

Acorde, sorria para o sol...

Às vezes, a gente levanta cheio
De planos, hoje tudo dará certo,
O dia não vai ter nada de aperto,
Vou afastar tudo o que for feio.

O que for negativo saia do meio
Do caminho. O peito está aberto
Para o júbilo e somente o acerto
É o que se almeja como recheio

Da vida. Nem vê, quando acorda,
O sujeito, a felicidade, e da gorda,
Que é esse simples abrir de olho.

A alegria que é acordar com vida
Após uma noite em paz e dormida.
Sucesso, paz e mais são restolho.

Francisco Libânio,
26/04/13, 11:24 AM

quinta-feira, 25 de abril de 2013

990 - Soneto do avestruz

Vou te mostrar qual buraco vou enfiar meu bico.

Segundo conta uma lenda,
Avestruz, quando se aterra,
Mete a cabeça sob a terra
Até que passe a contenda.

Assim, tendo a estupenda
Ideia para ver se descerra
A lenda ou se é fato, erra,
Ele, ao avestruz. Entenda:

Foi encher o saco da ave,
Aí o negócio ficou grave
E o bicho não se enterrou.

Deu-lhe é o bico na fuça.
Vestiu o cara a carapuça:
A terra da surra o poupou.

Francisco Libânio,
25/04/13, 6:05 PM

989 - Soneto do colunista analfabeto

Chupa efa uva, companheiro! É o cara!

Então o presidente xucro e beberrão
Assinará coluna num famoso jornal,
Estrangeiro? Toca-se a meter o pau,
A criticar e perder mais e mais razão.

O cara sabe inglês? Acho que não.
Mas e quem sabe e debulha o tal
E não escreve sequer algum jogral
Pra folha da escola? Que situação!

Se ele sabe ou não ou se é iletrado,
Analfabeto ou um burro juramentado
Não sei, mas sei que esse cara está

Mandando muito bem. No mais, veja:
O que se diz e se vomita é pura inveja
Dos que não tem seus ídolos por lá.

Francisco Libânio,
25/04/13, 4:40 PM

988 - Soneto afásico

Faltam-me as palavras.

A palavra que eu quero não me vem,
O verso que estava aqui agora, cadê?
Uma rima qualquer, alguém aí me dê,
Qualquer rima, qualquer uma, alguém?

Não ficou uma palavra onde tinha cem,
Versos eram mil, sumiram sem porquê.
Quebro a cabeça e penso em quem lê.
Não lerá. Hoje é vazio o que aqui tem.

O poema não sai e aqui se improvisa,
A palavra faltante e é por essa guisa
Que o soneto se cumpre e se escreve.

Nada do que eu queria dizer eu disse
E concluo que a loucura ou a velhice
Aos poucos chega e me circunscreve.

Francisco Libânio,
25/04/13, 4:26 PM

987 - Soneto inapropriado

Sábado, no culto, vai fazer sucesso... Não, pera!

Falar de amor a um marinheiro
É pedir, rogar pra ser troçado
Acaso viu coração apaixonado
Em sujeito que é bodegueiro?

Falar chulice ou ser putanheiro
A um cura é ser excomungado,
Tomar penitência, ser apontado
E é pior que ser mexeriqueiro.

Oferece bacon para adventista,
Pregar um deus para um ateísta
E curtir essa onda de desacato

Não faz do sujeito o subversivo
Que ele crê ser, atuante e ativo,
Mas o impregna como um chato.

Francisco Libânio,
25/04/13, 12:25 PM

986 - Soneto às antigas

É antigo, mas tem charme.

Contra a modernidade nada tenho,
Internet, plasma, tudo num clique...
Aplaudo e me agrada. Soa chique
Ou moderno e aprimora o engenho

Nos dias lépidos de desempenho
Presto. Nada melhor que se aplique,
Mas bem claro deixo e aqui fique
Registrado. Não fecho meu cenho

Ao moderno nem dele farei pouco
Ou serei inimigo fidalgal tampouco,
Mas um analógico aqui me declaro.

Escrevo no computador, assumo,
Blogueio, mas sem perder o rumo
Do antigo onde tenho o anteparo.

Francisco Libânio,
25/04/13, 10:04 AM

985 - Soneto com predisposição

O que ele escreveria agora?

Quem escreveu no meu lugar
Quando eu não estava vendo?
Fê-lo a me parodiar, entendo
Mas podia, ao menos, burilar

Meu estilo no torto e no vulgar.
Quis ser eu, mas não o sendo,
Meteu no seu soneto o adendo
“Como o Chico fosse sonetear”.

Não. O Chico, de pronto, dispensa
Adendos, rodapés e nem pensa
Soneto. Bem os deixa como são.

Então, ao meu imitador futuro,
Deixo-o esse conselho seguro
De como fazer minha imitação.

Francisco Libânio,
25/04/13, 9:35 AM

quarta-feira, 24 de abril de 2013

984 - Sonto pouco político

Política é, entre outras coisas, votar.

Fazer política na poesia?
Eis a puta ideia de jerico!
Quando aqui eu versifico,
Não esqueço a ideologia,

Reflito, um ato de ousadia,
Mas não, em nada politico
Ou discurso. Tal mexerico
Partidarista soa hipocrisia,

Já eu sou sincero demais
E sem tempo pra boçais
Caolhos de um argumento.

Sou cidadão e consciente,
Mas aqui, poeta somente,
Tendo calmo envolvimento.

Francisco Libânio,
24/04/13, 11:57 AM

983 - Soneto polvoroso

Deixa vir.

Para escrever uma ideia basta,
Um fósforo, jogá-lo ao rastilho,
Deixar que ela siga o seu trilho,
Ver que junto a isso se arrasta

Um soneto na passagem gasta
De pólvora poética. Há o brilho
Surpreendente e até seu gatilho
Final mais tal soneto contrasta

Com a ideia ainda não tomada.
E até chegar lá e ser detonada,
O soneto chamuscado aparece.

A ideia chegou até o seu intento,
O soneto encontrou seu assento
E o poeta de nada se envaidece.

Francisco Libânio,
24/04/13, 11:30 AM

terça-feira, 23 de abril de 2013

982 - Soneto sem afeição

Não gosto de você nem te amo. Some!

Não gostar e não amar, diferentes.
Quem não ama tem lá preferências,
Agrados, caprichos e pertinências
Que as fazem vezes mais contentes

Que os amantes ora impertinentes.
Quem não gosta perde essências
E pragueja, conjura maledicências
Desejando o mal a todos os entes.

Quem não ama guarda um gosto,
Pequeno, mas nobre e bem posto;
Verdadeiro ainda que seja discreto.

Quem não gosta quer que exploda,
Como eu, cansado da porra toda,
Não gosto e nem amo este soneto.

Francisco Libânio,
23/04/13, 10:06 PM

981 - Soneto livreiro

É das minhas.

Poeta que tento e brinco de ser,
Nada há que mais me satisfaça
Que um bom livro. Me faz graça
E devorá-lo é um grande prazer.

Porque a minha maconha é ler
Como a poesia era a cachaça
De Drummond. Não me passa
Dia sem que eu me faça sorver

Algumas páginas, dados autores
Uns são melhores, outros piores,
Mas pedem parada obrigatória.

Assim dou a leitura por conselho:
Viu um livro meta lá o bedelho
E leia. É uma resolução de glória.

Francisco Libânio,
23/04/13, 7:25 PM

980 - Soneto guerreiro

É dos meus.

Há quem no dia de hoje recorra
A mim numa pútrida lembrança
E numa lógica que não alcança
Nada lógico. E nessa pachorra,

Viro São Jorge. Isso bem jorra
Histórias do mulherio de pança
Que curti e chamei para dança;
Namorei ou tive qualquer zorra.

Tenho espada de matar dragão,
Dizem eles. Tem mesmo, dirão
Quem vir umas das namoradas.

Azar de quem diz e não provou
As que o Jorge aqui abençoou,
Pois elas curtiram as espadadas.

Francisco Libânio,
23/04/13, 12:39 PM

979 - Soneto sincrético

Que meus inimigos tenham pés e não me alcancem.

Ele é Ogum no candomblé
E na umbanda e tudo bem
Adorado na Igreja também,
Mas nela São Jorge ele é.

São protetores seja na sé
Ou no terreiro. O que tem?
Nome não avalia ninguém
E menos o avalia a sua fé.

São Jorge em seu cavalo
Tem o povo a dar regalo
Já que muito nele se crê

E o vinte e três é festeiro
Pro orixá e pro guerreiro.
Pra ambos, meu ogunhê!

Francisco Libânio,
23/04/13, 12:04 PM

segunda-feira, 22 de abril de 2013

Conga

Feio demais...

Porque festa de aniversário sem presente não é festa, não é? O aniversariante já festeja dezessete primaveras, a infância já era e a sanha por presentes devia ter arrefecido? De acordo, mas é aquilo: certas infâncias parecem tardar e a de Wesley olha só, é uma delas. E adolescência é uma transição complicada. Os pais concordaram em ser a primeira festa com bebida, mas só cerveja. Nenhum destilado. Os brigadeiros e cachorros-quentes, consenso, ninguém quis deixar de lado.
 - Ano que vem, com a maioridade, acaba. Esse ano não! – sentenciou o aniversariante ao ser consultado sobre.
Quanto aos presentes, desses não abriu mão. Os amigos trouxeram DVDs, bonequinhos (“São action figures!” explicava se defendendo da pergunta se não era velho pra isso). Os tios deram roupas. Um deu um relógio e outro um livro. A madrinha lhe deu um par de congas. Exatamente, congas.
É preciso explicar aqui que a madrinha não via seu afilhado há muitos anos. Morava noutra cidade e raramente visitava o menino a quem pegou no colo na Igreja. Dos gostos do rapaz sabia pouco – ou nada. Queria compensar sendo mais presente agora que se mudara. Sendo assim, um par de tênis ia ficar muito bem dado e uma forma de agradar. O problema, óbvio, é que não agradou.
O sorriso amarelo de Wesley foi visto pela madrinha como um agradado agradecimento. Madrinhas, às vezes, são meio bobas. Principalmente as que não conhecem seus afilhados. E também, no caso dessa, omissas com o contexto. Deu o presente, um beijo no afilhado, desejou felicidades, saúde, amor e foi ficar com os mais velhos.
- Vou deixar meu afilhadinho com os amiguinhos curtindo a festa enquanto fico lá com os outros. Aproveita e juízo. – explicou. Mas o estrago estava feito. Os amigos, ao ver o conga na caixa, novinho (onde essa mulher achou isso, meu Deus?), não pouparam o aniversariante e nem respeitaram o dia especial. Adolescentes são maldosos.
- Ei, Wesley, calça aí pra ver como ficou!
- Vai com ele na escola segunda pro resto da turma ver!
- Ai, que lindinho, o menininho da madrinha!
- Péra, que eu já tô subindo isso pro Youtube.
Quem estava curtindo cerveja na festa deixou a bebida esquentar pra ferver a cabeça do amigo. Cachorro-quente nenhum era mais gostoso que a gozação desbragada com as lindas congas azuizinhas do Wesley. Alguém tinha sugerido, antes do fato, um grande campeonato de videogame. Nem se falou mais nisso.
Mas como depois da queda sempre tem o coice, quem apareceu pra ver o presente que a madrinha deu foram os pais do Wesley, muito felizes com a reaproximação da madrinha, amiga da família, e o filho mais velho deles. O que foi encarado como troça vindo dos amigos virou ordem de delegado vindo dos pais. Eles queriam ver como ficou o calçado no filho e qual remédio senão calçar? Celulares a postos, o grande momento foi registrado. E Wesley calçando as congas, os pais avaliando se o tênis não está pegando e o inevitável e esperado desfile pra ver se ficou bom virou filme. A vitória dos amigos era inconteste. Wesley estava batido e estaria liquidado segunda feira, na escola. Segunda-feira? Amanhã, a Internet teria uma enxurrada de mesmos vídeos. Vários wesleys calçando congas ridículas. A autoafirmação semi-impúbere venceria sobre ele. Não culpava a madrinha, que nem o conhecia, pelo presente. Mas se soubesse em qual loja ela encontrou aquela monstruosidade, tocaria fogo se fosse desequilibrado. Vender conga em pleno século XXI, onde um espirro mal dado ganha curtidas e views em minutos era a certeza de traumas.
No entanto, deve ter sido Deus, Jesus e todos os santos que mandaram Roberta chegar àquela hora, quando a piada estava digerida e a conga era novidade, pra ela. E deve ter sido todos eles que a mandaram dizer:
- Nossa, Wesley, que fofo esse sapatinho! Super bonitinho, super meigo!
E nem que o “meigo” fosse a gozação extra para aqueles meninos sedentos por virilidade própria a quem uma palavra a ameaçasse, Wesley não deu por isso. Nem por nada mais. A menina por quem ele nutria uma disfarçada paixão gostou do que viu. Seus amigos, esses traíras que vem comer e beber às suas custas para, ainda, abusar de uma demonstração familiar de afeto não mereciam a recepção que tinham nessa casa. Não ia se rebaixar ao nível desses canalhas safados que não têm uma madrinha capaz de acertar tão em cheio num presente. Bando de infelizes. Cerveja nenhuma desceu melhor que o elogio de Roberta e cachorro-quente nenhum foi mais gostoso que o beijo que ganhou dela. A festa, com conga e tudo, valeu a pena.

Francisco Libânio,
22/04/13, 9:27 PM

Que seu dia e o meu diferem eu sei

Ei, tem um coração te chamando. O meu.

Que seu dia e o meu diferem eu sei,
Tem aí seus problemas cotidianos,
Prole, contas, uns sobre-humanos
Outros simples pelos quais passei

E você passa, alguns não passarei,
Por isso meu amor em seus planos
Pouco ocupa e eu cheio de levianos
Quereres te cobro como já cobrei

Atenção ou amor em mesma sintonia,
Mas como cobra quem nada fazia
Ou fez o que não devia ter sido feito?

Por isso na pouca atenção que tenho,
Quero mostrar todo meu empenho
E chegar, outra vez, junto a teu peito.

Francisco Libânio,
22/04/13, 1:11 PM

978 - Soneto humanamente direito

Que se prenda e cumpra a pena. Só.

Há quem preste e quem não preste
Assim como há o joio e há o trigo.
O primeiro escolho fácil pra amigo,
Pois em algo positivo se investe.

O segundo pode ser um cafajeste,
Nada valer. Não andará comigo,
Mas nunca o tomarei como inimigo
Nem lhe desejarei qualquer peste.

Se aprontar, for preso, que o puna
A lei, mas nunca a ele a má fortuna,
O tapa, o choque, a forca, a morte.

Se cometer crime, dê-se todo rigor
Da pena. Que aprenda, mas sem dor.
Está torto, não quebre, desentorte.

Francisco Libânio,
22/04/13, 6:15 PM

977 - Soneto direitamente humano

Não adianta nem resolve nada...

Pedir trato humano e dignidade
Para qualquer um, seja de bem,
Cidadão, branco como também
Para aquele a quem a liberdade

Foi privada ou pela criminalidade
Ou pela guerra, para quem a tem.
Já que Direitos Humanos vai além
Do delito, do dolo e da maldade,

Mas não chegam os tais à seara
Da regalia, engodo que mascara
O Direito Humano a quem ignora

O que é um e outra, e mais prega
A porrada na cadeia e muito alega
Que bandido deve que ir embora.

Francisco Libânio,
22/04/13, 1:41 PM

976 - Soneto ventado

Não não... Gigante Adamastor só no Cabo das Tormentas, na África. Não aqui.

E o que me ensinaram na escola,
Que a frota pegou tal tempestade
E na deriva seguido pela vontade
Do mar, quando de novo controla

Sua nau, Cabral, quando desatola
Da deriva vê em grande felicidade
Terra firme e a gente sem maldade
E nua. Paus e peitos sem dar bola.

Caminha aqui escreveu para o Rei.
Foi tudo casual. Assim que eu sei
Ou saberia não fosse tudo lorota.

Nunca houve tempestade alguma,
Foi a primeira mentira. Acostuma,
Vieram outras para encher a cota.

Francisco Libânio,
22/04/13, 12:42 PM

975 - Soneto cabralino

Cabral não descobriu nada gente!

O que é descobrimento no Brasil
Em Portugal se chama achamento.
E tenho justo esse chamamento
Vez que aqui nada se descobriu.

Da terra se sabia quando partiu
A frota lusa ao sabor do vento.
Chegou aqui e o descobrimento
Ficou aqui na Pátria-Mãe Gentil.

O Brasil existia, isso era sabido
E o existente só é desconhecido
Para quem não presta atenção.

Logo se o brasileiro bem acha
Que foi descoberto despacha
A história, perde toda a razão.

Francisco Libânio,
22/04/13, 11:54 AM

domingo, 21 de abril de 2013

Se da minha boca sair o mal

Queria que minha boca só te dissesse isso.

Se da minha boca sair o mal
E esse mal machucar fundo,
Não me devolva o profundo
Rancor ou me ofereça igual

Mal. Minha boca, se foi letal,
Em meu peito este oriundo
Amor que faz dar o mundo
A ti te quer bem, mas se tal

Peito te ama calado, a boca
Fala e ao falar pouco se toca
Do quanto e tanto é que vale

Tua pessoa. Que ela se cale,
Que meu peito em ti derrame
O amor e que muito eu te ame.

Francisco Libânio,
21/04/13, 12:03 PM

974 - Soneto do domingo solitário

Tão eu...

Aí chega domingo, o que fazer?
Tudo tá fechado nessa cidade,
Mas como matar essa vontade
Irremediável de ter algum prazer?

Maldita carne que necessita ter
Prazer e urge nessa saciedade.
Tolo poeta cuja mediocridade
Dessa falta o faz aqui escrever.

Um soneto não garante namoro,
Sequer uma transa. E aí demoro
E gasto mão aqui noutro soneto.

Eu reclamo, mas culpa, em parte,
É minha, que desenvolvo a arte
Enquanto quedo um só completo.

Francisco Libânio,
21/04/13, 6:43 PM

973 - Soneto humanista

Demorou, mas a Justiça se fez. Não é porque é bandido que merece ser morto covardemente.

Entre restabelecer a ordem
E ir matando, tipo genocídio,
Difere muito. Não há subsídio
Nem nada que os acordem.

Que se corrija uma desordem,
Ou que se concilie um dissídio,
A polícia deve, mas homicídio,
Covardia ou que transbordem

Corpos e sangue das celas,
Isso não! Ficam as balelas
Que bandido bom é morto

E os policiais são coitados.
Foram é bem condenados,
Às famílias o justo conforto.

Francisco Libânio,
21/04/13, 2:41 PM

972 - Soneto para Silvério

Tinha que abrir a boca. merecia uma surra!

Assim momo Jesus foi traído,
Tiradentes teve seu alcaguete,
Talvez a fim de algum confete
Ou de dinheiro, o tal vendido.

Silvério foi o Judas seduzido
De Vila Rica? Quanto o frete
Pra entregar? Virou é joguete
Dos poderosos ou o bandido

Segundo quem quis liberdade.
Se caso esse papel o agrade,
O Silvério descansa satisfeito.

Mas se na Páscoa um Judas
Apanha, as veias linguarudas
De Silvério mereciam um jeito.

Francisco Libânio,
21/04/13, 11:10 AM

971 - Soneto do feriado inútil

Deve ser pra evitar mais enforcamentos...

É domingo e o quê mais? Feriado.
Em dia que um ou outro trabalha,
Um feriado à maioria dá a falha
De não dar um dia a mais folgado.

Mas deixe-se o acaso de lado,
Curta-se o domingo que calha
Bem. Futebol, puxa uma palha
Deixando o televisor desligado.

E no domingo, almoço em casa,
Puder, um cinema e se extravasa
A tensão. Programinha familiar...

Não, feriado hoje não adianta!
Nem eu aqui gastando garganta,
A quem estou tentando enganar?

Francisco Libânio,
21/04/13, 10:55 AM

sábado, 20 de abril de 2013

970 - Soneto do verbo certo

Bocage mandaria à merda e continuaria arrasando!

Sonetar ou sonetear, qual o certo?
O velho Mattoso mui bem soneta
E o faz com tamanha e completa
Competência e sem algum aperto.

Já eu, que dele nem chego perto,
Soneteio, mas também, em dileta
Chance, já sonetei e, como poeta,
Deixo o neologismo verbal aberto.

Sonete ou soneteie, o que importa
É deixar a poesia viajar pela porta
E os sonetos infestarem o mundo.

De resto, fazer de verbos querela
Não evolui a poesia, mas faz dela
Troço todo certinho e vagabundo.

Francisco Libânio,
20/04/13, 7:22 PM

969 - Soneto malversado

Até porque uma Izzie Stevens não é de se jogar fora.

Regras à desobediência
Eventual foram escritas,
Afinal segui-las estritas
Rouba do ser a essência.

Assim, dada displicência
Que faz ao erro as visitas
Dá as maiores e favoritas
Pitadas de boa experiência.

Gosto de negras gordinhas,
Assumo, porém gracinhas
Com moças loiras, brancas

E esbeltas podem ter lugar
E, de repente, tal malversar
Pode me dar coisas francas.

Francisco Libânio,
20/04/13, 12:19 PM

968 - Soneto do soneto vicioso

Não posso perder essa ideia...

Problema aqui é: após um soneto
Vem outro e um outro em seguida.
Já eu paro. Não! É frase descabida!
Soneteio da forma como eu injeto

Um troço na veia ou bebesse direto.
O soneto é a compulsão assumida,
Sorte que interfere menos na vida
E por isso ainda não me dei veto

Nem procurei qualquer tratamento
Desintoxicante. Sigo aqui e adiante
Obrigado pondo pra dentro lirismo

E tendo a cada tragada um prazer
Ora passageiro ora duradouro. E ler
Depois só aumenta o consumismo.

Francisco Libânio,
20/04/13 10:43 AM

967 - Soneto do soneto prazeroso

Tão gostoso quanto...

Mas por mais que escrever seja foda
E exija tempo, paciência e inspiração;
Mote, lirismo, repertório e dedicação
Além dos dribles ao fácil e à moda,

Escrever é o que movimenta a roda,
Refresca o dia, exercita a imaginação
E ainda me dá como congratulação
Um riso ou outro aqui se acomoda.

É pouco, não rende fama ou grana,
Mas se faz poeta, ou nisso engana,
É um lazer que me traz algum bem.

Não é um prazer sexual. Até chega
Perto às vezes, mas nada me nega
E posso, no soneto, transar também.

Francisco Libânio,
20/04/13, 9:48 AM

sexta-feira, 19 de abril de 2013

966 - Soneto do soneto obrigado

Preso e escrevendo.

É que às vezes ponho uma cota,
Digamos quatro sonetos por dia.
Quero sento, mas aí não se alia
A vontade com a ideia. E brota

Nada. Se brota morre, se enxota.
Aperto e sai um com tal agonia
Que resigno: Hoje tem carestia
Admita-se assim, nossa derrota.

Mas não... Ao menos dois sonetos
O dia deve me legar completos.
Peleio. O vazio não me vencerá,

Farei esses sonetos na porrada!
Não sei se ficará bom, mas nada,
Nada, melhor que nada isso será!

Francisco Libânio,
19/04/13, 4:56 PM

965 - Soneto monocular

O meu não funciona muito bem...

Eu estou legalmente cego
É o que diz meu oculista.
Não duvido. Que eu insista
Em ver longe nada pego.

E os óculos que carrego
Ajudam. Mas de otimista
Nada tenho sobre a vista,
Só na caça de emprego

Que enxergar menos ajuda.
Assim, Chico, vê se estuda
E um concurso pode rolar.

Mas se sou cego legalmente,
Vejo pouco e perfeitamente.
Ninguém vai vir me enrolar.

Francisco Libânio,
19/04/13, 12:15 PM

964- Soneto indiado

Parabéns pelo quê?

Moleque pinta a cara na escola,
Festeja o Dia do Índio de cocar,
Um arco e flecha a incrementar
E uns penachos juntos à cola.

Cresce assim e vira rapazola,
O índio, pra ele, fica no lugar
Da escolinha, pra se recordar
E agora não dá a menor bola.

Índio é vagabundo e atrasado,
Vive na selva e vive amparado
Pelos impostos, o seu afogo.

E ainda acha que tem direito.
Pra ele, índio só tem um jeito:
Viu um na rua? Ateia-lhe fogo!

Francisco Libânio,
19/04/13, 10:44 AM

963 - Sonet expeditino

Aqui é trabalho!

A Expedito a glória alcançada!
E o santo, um Hércules cristão,
Mais de doze, em seu galardão,
Trabalhos conta. E agraciada,

Sua claque mais fica devotada,
Só que não rende mais gratidão,
Após uma graça vem a oração,
Quer outra e mais complicada.

E como não deixa pra amanhã,
É tudo pra hoje, essa fé cristã
Faz de Santo Expedito o cara!

É expedito, é rápido, sem falta,
Merece o rapaz a conta em alta
E até este agnóstico o declara.

Francisco Libânio,
19/04/13, 10:27 AM

quinta-feira, 18 de abril de 2013

962 - Soneto fundido

Isso não é criação de novo partido. É formação de quadrilha.

Partido A, nanico e oposicionista,
Abre as conversas com Partido B,
Oposição também, ao que se crê,
Um quer ser maior e mais ativista,

O outro quer um que mais invista.
Ambos se dão contra o Partido C,
Mais bancada, vai que alguém vê,
A legenda. A jogada é oportunista!

Os partidos se fundem, dois anões
Um sobre o outro e com intenções
De abalar todo esse jogo político.

E assim dois nanicos, um pequeno!
Acham que destilam mortal veneno
Unindo dois fiapos noutro raquítico.

Francisco Libânio,
18/04/13, 7:00 PM